domingo, 29 de março de 2015

DE PIUMHI PARA BARREIRO ( Terceira parte )

Fernando foi p BH e eu fiquei ali no restaurante, olhando o movimento, placas de carro em movimento e estacionados e já buscando um canto no acostamento p ficar ou ir até o posto policial na esquina .Quando eu vejo um carro saindo do estacionamento e mais que depressa perguntei : Amigo ,tá indo p onde ? e ele disse que ia ali perto mesmo. Ai falei que queria ir p Vargem Bonita, ele falou que era numa estrada saindo da principal, mas aceitou nos levar e deixar próximo.
Foi uma carona rápida, seu nome, o mais diferente que já ouvi por aquelas bandas, Aislan.
Ele nos deixou num trevinho que nos levaria a Vargem Grande e lá fiquei esticando o dedão novamente.
Entre olhares de lado, tchauzinhos, risadas dentro de carro, acenos ,e buzinadas avistamos um guincho vindo em nossa direção lentamente, antes de chegar perto ele parou...olhou p mim e fez um gesto que só estava parando p almoçar. Andou mais um pouco a parou a nossa frente . Continuei esticando dedão e ninguém parava. Aí como eu já havia almoçado e sobrado aquele meio litro de fanta e o senhor estava almoçando resolvi levar o refri p ele nao descer a marmita a seco... 
Falei : Olá, boa tarde ,tudo bem ? eu acabei de almoçar ali e sobrou todo esse refri, trouxe p vc tomar enquanto esta gelado. Ele disse que nao precisava ,mas agradeceu e pegou.
Ai ele perguntou p onde eu ia , eu falei e ele disse : Bom, vou terminar de almoçar e posso te deixar lá na frente se quizer.
Eu aceitei na hora claro !
Peguei minha mochila , levei p caminhão, subimos e fomos.
No caminho voltou a chover muito e o guincho estava sem o vidro traseiro, não estava molhando, mas batia um vento gelado que pensei estar novamente nas estradas p Aconcágua.




Fomos conversando todo caminho e ele me pedindo p tomar cuidado. O Elivelton era um cara que já havia morado em várias cidades, inclusive SP, mas não se adaptou aqui nao e 20 anos atrás decidiu morar no interior e mudou p Passos.
No caminho ,as montanhas eram lindas, o céu conseguia fundir cores e a chuva se aproximava cada vez mais de nós.
Se sentir parte daquela imensidão era único !
A vontade é de não querer parar de olhar, medo de querer ficar e ter aquela visão diariamente.
Depois de vagar em pensamentos seguimos viagem e ele me deixou bem no trevo que dá acesso a São Roque de Minas e Vargem Bonita.
Com um grande placa fui informada sobre a direção da nossa cachoeira,Casca Danta.
Seguindo por Vargem Bonita até o povoado de Barreiro. Seriam 9 km de estrada sem nenhuma casa por perto , achamos um ponto de onibus desativado e ficamos lá um pouco ,enquanto passava a chuva.. Ouvi um barulho no mato e arrisquei ver o que era...coloquei a Mel de pé no banco da parada e fui chegando perto...até que o mistério foi solucionado quando do meio do mato me sai correndo um lagarto, me assustei e logo depois vi ser pequeno, mas não deu tempo de fotografar, foi muito rápido o danado.
Ficamos alí uns 25 min, passou 2 carros e não nos levou, o terceiro carro parou com 2 homens dentro ,perguntaram onde eu ia e juro que fiquei um pouco desconfiada pelo jeitão dos dois,mas depois conversando fiquei tranquila... Fábio e Cleuton estavam indo justamente p Vargem Bonita. Fomos conversando com as perguntas de sempre : vc está viajando sozinha com a bebê ? de carona ? não tem medo ? rsrs.






O Fábio desceu na cidade e o Cleuton resolveu dar uma volta e me mostrar as coisas...foi indo bem devagar om o carro e mostrando onde ficava tudo como um guia turístico .Aqui é o mercado, alí a prefeitura, posto de saúde, escola, e depois me levou até a entrada da estrada p Barreiro.
Depois voltamos umas ruas e fui comprar um guarda chuva p seguir viagem.
Paramos na frente de uma lojinha, deixei Melissa no carro com ele parado na porta , entrei e escolhi o guarda chuva, olhei p os lados e não havia ninguém, chamei e nada.
Bati palmas...até falar que eu ia pegar e sair correndo eu disse p ver se alguém aparecia e nada...
Aí entrei em outra porta e um cachorro preguiçoso deitado ao chão latiu, e logo apareceu uma senhorinha sorrindo e perguntando : 
O que vc deseja minha filha ? 
Eu falei: 
Só pagar pelo guarda chuva e ri dizendo que tava quase indo embora com ele...rsrs.
Ela disse que lá é assim, pode deixar tudo aberto que ninguém faz nada...E que quando alguém vai lá e ela tá lá dentro, pegam o que querem e deixam o dinheiro na mesinha com um bilhete dizendo o que foi levado.
Isso sim é confiança !!
Saí de lá mais esperançosa que o normal, saber que cada lugar que vou encontro mais pessoas de bom coração é muito gratificante num país em que muitos já não confiam nem na própria sombra.
Me despedi da Senhorinha , voltei p carro e aí recebi o convite p dormir na casa do Cleuton aquela noite e seguir viagem pela manhã, como era tarde e o parque não estaria mais aberto resolvi aceitar...Nós já havíamos viajado bastante e uma cama e chuveiro quente seriam ótimos .
Ele disse no caminho : Tá vendo aquela casinha branca lá encima no morro ?? lá que eu moro. 
Eu já com a música da Sandy e Junior na cabeça...era uma vez, uma casinha no meio do nada, com sabor de chocolate e cheiro de terra molhada...
E era assim mesmo a sensação naquele momento de doces aventuras....




Um comentário:

  1. "Ter uma casinha branca de varanda
    Um quintal e uma janela
    Para ver o sol nascer"
    Muito bom ler relatos de bondade. Dá esperança no mundo.

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