domingo, 29 de março de 2015

PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA/ CACHOEIRA CASCA D'ANTA

Caminhamos uns 3 km e do nada apareceu um caminhão de fertilizantes indo p uma fazenda. Pedi carona e logo o 3º ajudante desceu p dar espaço p nós subirmos e foi lá p carroceria, eu até disse que podíamos ir lá atrás já lembrando de como fizemos isso muitas vezes com a companhia de outros amigos em uma viagem coletiva,mas não teve jeito, fizeram questão de irmos na frente.

Fomos conversando e eles fazendo as perguntas de sempre,dizendo que eu estava animada em fazer aquele percurso e era doida...rsrs.
Me deixaram uns 12 km a frente e daí seguimos a pé.
A estrada estava com lama ,as árvores altas faziam sombra e algumas poças dágua refletiam folhas nelas...todo percurso era mato, e de  vez enquando alguma casa ,fazenda ou pousada no caminho.

Estava começando a  esquentar e tirei uma blusa  ficando só de segunda pele.Melissa estava tranquila, deitada em meu peito observando tudo e escutando os passarinhos,vacas mugindo e barulho de trator ou algum outro equipamento ligado .

Paramos no caminho p tirar uma foto ,( a da estrada vazia ),e fiquei pensando na possibilidade de aparecer uma onça ali, pois ouvi todos dizerem que há lobos guarás e onça naquela região. Fiquei á espreita de qualquer movimento e barulho. A cada passo dado olhava p trás p ver se nada nos seguia pela mata. Uma neurose estava quase me consumindo quando ouvi uma buzina e pensei: Salvação ! Alguém p nos dar carona.

Mas era somente o caminhão anterior pedindo p esperar pois havíamos esquecido nossa marmita no caminhão e eles foram devolver. Ficaram preocupados de não termos nada p comer e foram atrás. Agradeci muito e se foram.

Eu continuei andando....e o dia foi melhorando...e o sol surgindo meio tímido, mas estava abafado e meu andar estava lento perante 25 kg de mochila e Melissa .
Comecei a suar muito e parei p beber água. Abri o guarda chuva e achei um compartimento na mochila que dava p encaixar o cabo sem eu precisar ficar segurando e aí continuaria com as mãos livres.

Andei...andei e andei...cerca de  6 km ; de repente ouvi um barulho de motor se aproximando e eram dois senhorzinhos num Uno velho, dei sinal p parar e pedi carona .
Um deles  saiu p eu subir atrás e fomos conversando  e eles dizendo que ainda faltava muito p eu chegar e p tomar cuidado com as onças. Eu já estava preocupada com isso desde lá atrás e eles me deixaram mais apreensiva, mas segui mesmo assim.

Me deixaram bem na entrada da trilha que vai ao parque, dalí seriam mais  8 km.
Caminhei uns 2 km e logo apareceu uma daquelas caminhonetes tipo Ranger cabine dupla. Eu disse que queria ir até a cachoeira e eles disseram : Sobe aí, tbm vamos p lá.

Eram 4 os ocupantes do veículo : Zeca o motorista, Denílson,Lúcio e sr.Joaquin.
Eu disse : Nossa, quanta sorte a nossa de encontrar vcs indo p mesmo lugar.E aí o Zeca contou que os 4 eram funcionários do parque.
O universo não poderia ter feito melhor !

Chegamos na entrada do parque e eles perguntaram quanto tempo eu ainda iria continuar por lá, pois se eu quisesse carona de volta á cidade estava garantido. Eram 11 da  manhã e eles voltariam  as 14 hs. Então paguei a taxa de conservação de 8,00 reais e entrei.

Peguei a mochila menor e coloquei tudo que eu precisava,inclusive a marmita p almoçarmos no caminho,roupa de banho p ir na cachoeira,câmera e toalha.
A trilha até a cachoeira é de 1 km dentro do parque com estrutura p pic nic,banho de rio, banheiro,pia,mas é proibido acampar infelizmente.

Muita diversidade de plantas e pássaros,um paraíso p biólogos e amantes da natureza.Em todo percurso se ouvia o barulho da água e íamos seguindo ao curso do rio,ao longe dava p ver a Casca Danta .
Bem sinalizada,continuamos a caminhada e na primeira parada havia um quiosque para lanche e banheiro,com trilha p o rio . Fiz umas fotos e seguimos a trilha . Na metade do caminho já tem um pequeno mirante que se vê a cachoeira e seguimos a trilha.
Chegamos !

Nos  molhamos toda faltando uns  300 metros pois estava com ventos fortes formando um chuveirão. Fiz umas fotos e vídeos  com cuidado p não danificar a câmera e nos abrigamos atrás de umas pedras e árvores. Fiquei contemplando aquela maravilha imponente durante um tempo e pensando em tudo que passamos no caminho p estar ali.

Em todos perrengues, nas caronas inesperadas, ajuda de desconhecidos, sol, chuva,vento,frio,cansaço,pressão psicológica,incertezas e aquela vontade de sempre seguir e não voltar. Vontade essa que me consome a  cada dia e "um dia" sei que não vou mais conseguir me conter e tomarei o "mundo" como minha casa.
Viajo com pensamento sempre positivo, confio nas pessoas e isso me faz seguir bem e sem medo, a não ser de onças.rsrs

Agradeço muito cada lugar que chego bem ,cada ajuda e alimento que recebo.Dou valor a esses momentos e as pessoas que encontro,cada uma delas tem sua história de vida e na maioria das vezes não é muito boa, cada uma com sua tristeza e dificuldade, mais percebi que todos com muita fé e esperança de uma vida melhor. E assim sigo com essa mala de experiências alheias ,com o mesmo sorriso no rosto daquele senhor que parou só p dizer: Ô menina, tu é muito da corajosa p sair de São Paulo e vir parar aqui no meio desse mato com essa criança;Eu que moro aqui tô cansado  só de pensar o tanto que tu andou... rsrs.

Depois disso comecei a voltar p chegar na primeira parada e almoçar.
O caminhon de volta é mais rápido, como dizem " p descer todo santo ajuda ".
Chegamos na área de pic nic e estendemos nossa toalha /canga. Peguei nossa marmita e almoçamos com uma vista privilegiada p cachoeira a nossa frente como despedida  e recompensa da nossa longa caminhada.

Nesse momento me senti a mulher mais "foda" do mundo.
Sair de São Paulo não é coisa simples, os caroneiros sabem bem como é complicado pegar carona na cidade e como as pessoas da capital são desconfiadas e indiferentes. Mas felizmente ainda existem pessoas de bom coração que ajudam sem medir esforços.

Voltei do meu momento" sou mais eu ", e tirei mais fotos, pois como deu p perceber amo ,é uma terapia p mim, me faz feliz. Desci até o rio e fiquei lá um pouco sentada,admirando pela última vez todo aquele presente dos Deuses. Melissa estava ao lado toda boba vendo a água correndo e as vezes chegava uma nuvem de água vinda da cachoeira levada pelo vento e melissa dizia: Chuva mamãe, chuva !!!!

Estava feliz , mas agoniada pela insistência de alguns mosquitos moradores da beira da correnteza. Tirei as botas e queria entrar, mas a Mel não queria, a água estava fria demais p ela mesmo.
Eu andei um pouco sobre umas pedras até o meio e fechei os olhos por um instante novamente agradecendo tudo aquilo .Fui interrompida por um grito  da Mel  dizendo : umiga,umiga ( Formiga ), mas não era...era mais mosquitos, beronhas, borrachudos ,paquitas.

Então fui a seu socorro. Vesti as botas e subimos p área de pic nic novamente. Juntei minhas coisas, fiz a sacolinha de lixo e Melissa jogou no  latão de orgânico, ( ela adora fazer isso ).
Depois voltamos p portaria p esperar nossa carona.
O guarda nos deu laranjas e uma faquinha,comi duas na hora e descasquei outra e guardei p depois. Em seguida o rapaz da recepção veio com 10 reais e me deu ,disse que era a entrada que eu tinha pago, que não precisava,eu agradeci muito,pois seria um dinheiro p usar em emergências.

Melissa entrou na recepção, foi atrás do Sr.Joaquin, o vovô... sentou ao lado e ficou vendo tv com eles toda inturmada. Logo se prepararam p partimos todos . Agradeci a todos que ficaram no parque e me despedi.

Partimos  rumo a São Roque de Minas onde eu voltaria p Pimhui. Me deixaram na rotatória ,nos despedimos mais uma vez  e foram.
Eu abri o guarda chuvas amigo p nos protegermos do sol enquanto o próximo anjo não chegava p nos resgatar.












































2 comentários:

  1. Dinheiro nenhum paga por uma experiencia dessas. Essa troca de energia com pessoas de verdade, de coração aberto. Lindo demais!

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    1. Com certeza, Carol. Valeu muito toda viagem.Sempre há o que aprender com as histórias de quem encontramos no caminho.

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